domingo, 6 de fevereiro de 2011

Livro X Filme?


A saber, sobre o universo do cinema, é preciso se dizer que, infinitas vezes, belos e porque não incomensuráveis clássicos da literatura tornam-se adaptações também geniais e, também, péssimas contribuições para a cinematografia. Mas, não critico as adaptações da sétima arte, sejam elas boas ou não, tampouco os filmes que se transformam em livros, o que critico (e isto com veemência), é a inexorável escolha entre um ou outro de forma a não reconhecer as especificidades de cada tipo de manifestação artística.


Por quantas vezes não somos pegos por opiniões, sejam elas próprias ou de outrem, que nos são chegadas através das seguintes proposições: “ah, o livro é bem melhor do que a adaptação dele.”; ou até mesmo, “Ah, o filme é muito curto, cortou várias partes do livro”. O grande problema nessa dialética da percepção, digo-lhes, é termos cuidado para não prostituirmos ou reduzirmos o cinema à literatura, ou a segunda em relação ao primeiro.

Temos que, antes de julgarmos, seja a adaptação de um livro ou um livro oriundo de um filme, entender as veredas funcionais da significação de cada tipo de arte, ou seja, a forma e o espaço artístico, elementos através dos quais a significação do sensível se torna objetiva. O que não se pode fazer é corromper as impressões de um filme baseados em pressupostos que não levam em conta que as manifestações e os tipos de arte diferem no que diz respeito às formas de significação do sensível, tampouco as de um livro, apoiando-se em ideologias reducionistas.   

O que quero dizer é que não podemos julgar se uma adaptação é fiel ou não, ou se é bem produzida, tendo como base a intocável obra literária, ou mesmo se ficarmos presos à maneira pela qual descobrimos o enredo (isto referindo-me ao foco). É preciso que se saiba que o foco, o tempo, o espaço e as formas de apresentação dos mesmos se alteram e obtém plurissignificações próprias, peculiares. E, digo-lhes, que a não compreensão de tais formas de manifestação não só prejudica esta ou aquela arte, deteriora toda expressão e formação cultural de uma significação socioestética.

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