
Por quantas vezes não somos pegos por opiniões, sejam elas próprias ou de outrem, que nos são chegadas através das seguintes proposições: “ah, o livro é bem melhor do que a adaptação dele.”; ou até mesmo, “Ah, o filme é muito curto, cortou várias partes do livro”. O grande problema nessa dialética da percepção, digo-lhes, é termos cuidado para não prostituirmos ou reduzirmos o cinema à literatura, ou a segunda em relação ao primeiro.
Temos que, antes de julgarmos, seja a adaptação de um livro ou um livro oriundo de um filme, entender as veredas funcionais da significação de cada tipo de arte, ou seja, a forma e o espaço artístico, elementos através dos quais a significação do sensível se torna objetiva. O que não se pode fazer é corromper as impressões de um filme baseados em pressupostos que não levam em conta que as manifestações e os tipos de arte diferem no que diz respeito às formas de significação do sensível, tampouco as de um livro, apoiando-se em ideologias reducionistas.
O que quero dizer é que não podemos julgar se uma adaptação é fiel ou não, ou se é bem produzida, tendo como base a intocável obra literária, ou mesmo se ficarmos presos à maneira pela qual descobrimos o enredo (isto referindo-me ao foco). É preciso que se saiba que o foco, o tempo, o espaço e as formas de apresentação dos mesmos se alteram e obtém plurissignificações próprias, peculiares. E, digo-lhes, que a não compreensão de tais formas de manifestação não só prejudica esta ou aquela arte, deteriora toda expressão e formação cultural de uma significação socioestética.
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