domingo, 6 de fevereiro de 2011

Entalhando Cultura


 
Véio. Como pode um nome tão simples gerar tanta repercussão no cenário artístico sergipano e, também brasileiro? Como pode um artesão de uma cidade do interior do estado, que por muitas vezes não ouvido, lançar-se e ser reconhecido nacionalmente, mesmo sem muito apoio, nesse mar de ideias e, porque não, de significados?


Significados estes que hora se mostram sensíveis, com obras mais tradicionais, ora se mostram como frutos transformadores da realidade que nos é cabível. A verdade, digo-lhes, é que veio enganou a gente (e digo “gente”, me incluindo como um apreciador de sua arte), ele não entalha madeira, tampouco faz reles obras ecologicamente corretas.


Não, Véio não me engana, mesmo com sua espécie de jogo artesanal onde se combina luz e tradição com trevas e ideias pós-modernas, não consigo me ludibriar com tais sistemas de composição. Sabem por que, caros leitores? Porque nem os recursos que ele utiliza, recursos estes nas quais suas ideias não cabem, nem suas peças madeirescas, retratam o que Véio faz.

O que ele faz, isso com toda certeza, é entalhar sim, mas, não madeira, nem lindas obras, pois nem sempre o que é belo é digno de uma bela ideia, tampouco é artesão de coisas materiais, o que Véio entalha é cultura, moldando a golpes cada vez mais certeiros o material com o qual nossas subjetividades são formadas, material esse que não é físico, nem palpável, mas sim, existencial. Funcionando, através de suas obras e de suas contribuições, cada vez mais, como o coração artístico de Nossa senhora da Glória. 

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