sábado, 8 de agosto de 2009

"Orgulho e Preconceito"

Caros visitantes do site "Sociedade da Pena" gostaria de me apresentar: meu nome é Ivan Paulo e sou o novo membro desse grupo. Fui convidado por um velho amigo de faculdade, o poeta Thiago Fragata. Considerou o amigo que seria interessante minha participação no site. Eu enviava, corriqueiramente, tanto para ele quanto para outros amigos impressões minhas a respeito de filmes que assistia e, naturalmente, recomendava-os para os amigos. Essa é a outra novidade. Não estou aqui necessariamente para falar de Literatura, mas de cinema. E, já que as duas formas de arte são compatíveis, o cinema contumazmente "bebe" na Literatura, minha primeira participação na "Sociedade da Pena" é recomendar o filme, baseado na obra homônima da Literatura, "Orgulho e Preconceito".
"Orgulho e Preconceito", a obra literária, é de autoria da escritora inglesa Jane Austen (1775-1817) e foi publicado a primeira vez em 1813. Jane Austen foi uma mulher de uma categoria social subalterna. Era filha de um pastor protestante, que teve numerosa prole, e nunca se casou. Esses aspectos moldaram tanto uma mulher de caráter independente quanto uma escritora com arguta pena ao retratar a sociedade inglesa da sua época, com seus maneirismos, hipocrisias e, sobretudo, a marginal condição feminina. Todas essas questões eram apresentadas em histórias notoriamente românticas, com heroínas que iam da ingenuidade à resoluta coragem. Pelo fato de a autora ser mulher e produzir histórias românticas, foi imerecidamente mal recebida pela crítica, mas era um sucesso de público. O talento de Jane Austen e o tempo fizeram com que sua obra se perpetuasse e seu nome fosse marcado como uma das grandes personalidades da Literatura Inglesa.

O argumento básico de "Orgulho e Preconceito", considerada a obra-prima de Austen, é a história de amor entre o aristocrata "Mr. Darcy" e uma jovem de uma classe inferior "Elizabeth Bennet". A história principia com a chegada de dois aristocratas a uma localidade provinciana. O primeiro é o nosso herói o "Mr. Darcy" e o segundo, seu amigo, o "Mr. Bingley". Ambos vão ao baile local e encontram suas futuras paixões. "Mr. Bingley" a "Jane Bennet", que é a irmã mais velha de "Elizabeth Bennet", a paixão do "Mr. Darcy". O primeiro casal apaixona-se imediatamente, mas o segundo, "Mr. Darcy" e "Elizabeth Bennet", a princípio, terão que resolver alguns mal entendidos e seus respectivos temperamentos. À primeira vista, a obra não parece muito animadora, pois lembra apenas uma daquelas historinhas "aguinha com açúcar". Pelo menos é o que a crítica pensava. Para retirar essa má impressão, deixe-me apresentar somente os dois primeiros parágrafos:

"É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de boa fortuna, deve estar necessitado de esposa.
Por pouco que os sentimentos ou as opiniões de tal homem sejam conhecidos, ao se fixar numa nova localidade, essa verdade se encontra de tal modo impressa nos espíritos das famílias vizinhas, que o rapaz é desde logo considerado a propriedade legítima de uma das filhas."

Perceberam o sarcasmo e a finíssima ironia? É lógico que a narrativa de "Orgulho e Preconceito" é romântica com óbvio final feliz, mas não é trivial. Jane Austen, em meio ao romantismo, fez um crítico retrato da sociedade inglesa do final do século XVIII. A marginalização da condição da mulher naquela sociedade é a questão fundamental. "Jane" e "Elizabeth Bennet" são duas das cinco filhas do Sr. e Sr.ª Bennet, que se não as casarem as deixarão desamparadas. Afinal, o modesto patrimônio do Sr. Bennet iria par ao seu primo o Sr. Collins. Naquela época e sociedade, as mulheres não tinham o direito à herança de propriedades.

O enredo do filme manteve a essência do livro. Houve apenas, por parte do filme, a condensação de algumas tramas e personagens secundárias, para tornar a narrativa mais dinâmica. A versão cinematográfica a que me refiro, já que "Orgulho e Preconceito" possui várias, é a de 2005 do diretor Joe Wright. A direção de Arte, cenários, figurinos, entre outros adereços, mais a bela fotografia e as belíssimas locações, onde provavelmente Austen teria ambientado sua obra, transportam-nos para a Inglaterra do final do século XVIII. Somos levados sem percebermos isso e, quando nos damos conta, ansiamos aflitivamente pelo esperado epílogo. É mágico. O mesmo fato acontece com livro. Ele nos prende casualmente sem nos atermos e quando nos damos conta só o deixamos quando conseguimos terminá-lo.





Ficha Técnica e Curiosidades:




"Orgulho e Preconceito"


(Título original: Pride & Prejudice").

Ano: 2005.

País: Inglaterra/França/Estados Unidos.

Gênero: Drama/romance.

Duração: 127 min.

Elenco:

Ator/Atriz Personagem




Keira Knightley.................Elizabeht Bennet.


Atriz inglesa, ela é muito bem cotada em Hollywood. Nos Estados Unidos e do grande público, ela é mais conhecida da série cinematográfica "capa & espada" Os Piratas do Caribe. Faz a heroína. Tem uma boa participação, que merece ser vista, em outro filme de época chamado "A Duquesa".

Matthew Macfadyen..........Mr. Darcy.

Donald Sutherland.............Mr. Bennet.


Grande ator canadense que colecionou altos e baixos um tanto drásticos na carreira. Participou de extraordinárias e inovadoras produções como o corrosivo M*A*S*H* e inglórias como "Buffy - A caça vampiros". Independente disso é sempre bom vê-lo em uma boa produção.

Judi Dench........................Lady Catherine de Bourg.


Extraordinária atriz inglesa que simplesmente dispensa comentários. Porém, tenho uma dica, confira "Notas sobre um escândalo", em que Dench divide a cena com a não menos extraordinária Cate Blanchett.

Tom Hollander..................Mr. Collins.


Excelente ator inglês, que não é muito conhecido do público brasileiro a não ser por sua participação nos episódios 2 e 3 de "Os Piratas do Caribe". Não faz o padrão galã "hollywoodiano". Em "Orgulho e Preconceito" faz o indigesto Mr. Collins, o primo do Sr. Bennet que herdará a propriedade. Sua personagem não chega ser uma vilão na obra de Jane Austen. O ator maravilhosamente, nas poucas cenas em que aparece, traduz essa característica.




"Orgulho e Preconceito" teve várias versões cinematográficas. Merecem destaque, por suas curiosidades, uma versão indiana intitulada "Noiva e Preconceito" e uma versão adaptada para os dias atuais, essa muito conhecida do público, "O Diário de Bridget Jones".

Referência:


http://www.cineplayers.com/filme.php?id=1751 (8/08/2009 - 9h 52 min.) - Ficha técnica com adaptações.

http://www.cinemacomrapadura.com.br/personalizando/imgs/orgulho_e_preconceito_filmes_2005_wallpaper_ccr_02_1024_2jpg. (8/08/2009 - 21h 3 min.) - Capa do filme.

AUSTEN, Jane. Orgulho e Preconceito. Trad. Lúcio Cardoso. 4ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1958. - Imagem de Jane Austen, realizada a partir de uma aquarela feita por sua irmã Cassandra Austen.

Obrigado,

Ivan Paulo.

4 comentários:

  1. Bravo!

    Caríssimo Ivan,

    Não me contive em vir aqui celebrar sua brilhante chegada à nossa "Sociedade".

    Sua postagem enriquece nosso espaço e diversifica nossa proposta. Certamente, teremos novos leitores. Espero que tão entusiasmados quanto eu fiquei ao ler sua resenha. Texto leve, bem conduzido, sutil e elegante.

    Parabéns, meu amigo.

    Seja muito bem-vindo à "Sociedade da Pena".

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  2. Ah! assim que assistir ao filme indicado, volto à sua postagem para apresentar minhas impressões.

    Um abraço.

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  3. Sou fã de Austen e o filme é um ótimo ponto de partida para conhecer a obra da escritora! Aconselho você assistir a mini-série de 1995 pois é mais fiel ao livro.

    Adriana

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  4. Bravo²!
    embora esse romance, se é que pode classificar como romance, me deixa bastante confusa.
    Mesmo assim obrigado pelas suas explicações foram válidas.
    é porque ainda não consigo saber a que escola literária esse "romance", pode ser considerado!

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