sábado, 17 de setembro de 2011

Cenários Distantes


Depois de hoje o homem nunca mais será o mesmo, nunca mais existirá do jeito que se sentiu por suas próprias conquistas. Queria eu entender a tão dita razão, compreender por quais motivos suas ações desordenam-se de maneira complexa, fazendo nomes virarem sombras e pessoas desaparecerem. Gostaria de pensar em mim como influenciado, mas também como influenciador, contribuinte deste caos que nos torna moradores numa cidade de lugares distantes, longe do próprio eu, longe dos outros.


Lohan Lima Oliveira

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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Subfundamentos da escrita: uma dialética do conhecimento.

    





    Poucas vezes, caros leitores, vi tamanho bom gosto no que diz respeito ao aprimoramento e uso da escrita para dar origem a um trabalho tão bem feito e, intelectualmente falando, composto.

   O fato é que o livro lançado pela editora Taba cultural, intitulado “Subfundamentos da escrita”, cuja autora, Regina Souza Vieira, tradutora e também poetisa, além de criticamente engajada no que concerne ao cenário literário, conseguiu dar voz a uma espécie de obra que, definiria, se a honra me fosse dada, como uma dialética do conhecimento e, também, como um manual para o entendimento das coisas não palpáveis e misteriosas que envolvem os estudos e a compreensão da literatura.


   O livro reúne artigos e opiniões bastante interessantes para o aprofundamento do estudo da escrita e de suas veredas socioculturais, dando forma ao conhecimento acadêmico, agindo, acima de tudo, como um formador e modelador de uma subjetividade sociobjetiva na qual, a escrita, a literatura e outras formas de comunicação verbal se tornam um através do empenho que toda leitura tem em agir na formação de uma consciência crítica.

   Talvez, minhas poucas palavras não sejam, caros leitores, suficientemente bem postas de forma que eu traduza toda a beleza(e digo beleza não pelo que apresenta-se bem escrito, mas, sim, pela forma como o conhecimento é transposto) da escrita que nos é revelada através de um título tão despretensioso, “Subfundamentos da escrita.” São por esses e outros motivos que me recuso a escrever mais, prefiro que cada leitor e/ou cada pessoa interessada pela temática, revele à própria alma, não espelhos opinativamente sedimentados, mas reflexos ideologicamente modificados com o conhecimento posto no livro de Regina. 

   Não se preocupem, não mais encherei vossos ouvidos com minhas ideologias, amigos leitores, tenho medo das palavras prostituírem-se com minhas impressões, quero que vocês mesmo criem e modifiquem suas opiniões, pois leitura é isso, ler, reagir, modificar, ou seja, plurissignificar-se na própria ideia de plurissignificação.

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Entalhando Cultura


 
Véio. Como pode um nome tão simples gerar tanta repercussão no cenário artístico sergipano e, também brasileiro? Como pode um artesão de uma cidade do interior do estado, que por muitas vezes não ouvido, lançar-se e ser reconhecido nacionalmente, mesmo sem muito apoio, nesse mar de ideias e, porque não, de significados?


Significados estes que hora se mostram sensíveis, com obras mais tradicionais, ora se mostram como frutos transformadores da realidade que nos é cabível. A verdade, digo-lhes, é que veio enganou a gente (e digo “gente”, me incluindo como um apreciador de sua arte), ele não entalha madeira, tampouco faz reles obras ecologicamente corretas.


Não, Véio não me engana, mesmo com sua espécie de jogo artesanal onde se combina luz e tradição com trevas e ideias pós-modernas, não consigo me ludibriar com tais sistemas de composição. Sabem por que, caros leitores? Porque nem os recursos que ele utiliza, recursos estes nas quais suas ideias não cabem, nem suas peças madeirescas, retratam o que Véio faz.

O que ele faz, isso com toda certeza, é entalhar sim, mas, não madeira, nem lindas obras, pois nem sempre o que é belo é digno de uma bela ideia, tampouco é artesão de coisas materiais, o que Véio entalha é cultura, moldando a golpes cada vez mais certeiros o material com o qual nossas subjetividades são formadas, material esse que não é físico, nem palpável, mas sim, existencial. Funcionando, através de suas obras e de suas contribuições, cada vez mais, como o coração artístico de Nossa senhora da Glória. 

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Livro X Filme?


A saber, sobre o universo do cinema, é preciso se dizer que, infinitas vezes, belos e porque não incomensuráveis clássicos da literatura tornam-se adaptações também geniais e, também, péssimas contribuições para a cinematografia. Mas, não critico as adaptações da sétima arte, sejam elas boas ou não, tampouco os filmes que se transformam em livros, o que critico (e isto com veemência), é a inexorável escolha entre um ou outro de forma a não reconhecer as especificidades de cada tipo de manifestação artística.


Por quantas vezes não somos pegos por opiniões, sejam elas próprias ou de outrem, que nos são chegadas através das seguintes proposições: “ah, o livro é bem melhor do que a adaptação dele.”; ou até mesmo, “Ah, o filme é muito curto, cortou várias partes do livro”. O grande problema nessa dialética da percepção, digo-lhes, é termos cuidado para não prostituirmos ou reduzirmos o cinema à literatura, ou a segunda em relação ao primeiro.

Temos que, antes de julgarmos, seja a adaptação de um livro ou um livro oriundo de um filme, entender as veredas funcionais da significação de cada tipo de arte, ou seja, a forma e o espaço artístico, elementos através dos quais a significação do sensível se torna objetiva. O que não se pode fazer é corromper as impressões de um filme baseados em pressupostos que não levam em conta que as manifestações e os tipos de arte diferem no que diz respeito às formas de significação do sensível, tampouco as de um livro, apoiando-se em ideologias reducionistas.   

O que quero dizer é que não podemos julgar se uma adaptação é fiel ou não, ou se é bem produzida, tendo como base a intocável obra literária, ou mesmo se ficarmos presos à maneira pela qual descobrimos o enredo (isto referindo-me ao foco). É preciso que se saiba que o foco, o tempo, o espaço e as formas de apresentação dos mesmos se alteram e obtém plurissignificações próprias, peculiares. E, digo-lhes, que a não compreensão de tais formas de manifestação não só prejudica esta ou aquela arte, deteriora toda expressão e formação cultural de uma significação socioestética.

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